Não falar e não ouvir Lashon Hará
não falar mal dos outros
Por: Shmuel Lemle
Lashon Hará é um termo em hebraico que significa "má língua".
Fazer lashon hará significa fazer fofoca, isto é, falar mal de outra pessoa sem
que ela esteja presente, mesmo se o que está sendo dito for verdade.
Os cabalistas dizem que o lashon hará é um nível de assassinato, porque
você pode literalmente matar a outra pessoa só usando a língua. Em outro nível,
pode matar a reputação da pessoa, ou matar um relacionamento ou uma carreira.
Três pessoas são prejudicadas por esse curto-circuito: a pessoa de quem
se fala, quem fala e quem ouve. Sim, porque quem dá ouvidos a lashon hará é tão
responsável quanto quem fala.
Falar mal dos outros pode trazer um prazer imediato, mas terá um preço
caro. Os cabalistas ensinam que ações negativas criam anjos negativos. Quando
você fala mal de alguém, os anjos negativos que aquela pessoa criou são
transferidos para você.
Além disso, quando você fala mal de outra pessoa toda a energia positiva
que você adquiriu por suas boas ações é transferida para a outra pessoa.
Por isso os cabalistas enfatizam a importância de não se falar e nem se
ouvir lashon hará.
Leis de Lashon Hará
Por Aryeh Citron
Aprendemos
muitas lições de como devemos nos comportar com dois episódios que ocorreram em
nossa história durante nossa jornada no deserto.
Quando Miriam
falou negativamente sobre seu irmão Moshê, ela foi admoestada por D'us e
afligida pela doença de pele, tsaraat, como castigo. Devido às preces de Moshê,
ela foi curada pouco tempo depois, mas ainda precisou ficar fora do acampamento
por sete dias. Aharon, que tinha escutado suas palavras negativas sem
protestar, também foi punido, mas não tão severamente.
Infelizmente,
os espiões que foram enviados logo depois para Israel não aprenderam uma lição
com essa história, e eles também falaram negativamente sobre a terra de Israel.
O resultado foi que os israelitas daquela geração morreram todos no deserto.
De fato,
vemos que lashon hará, conversa caluniosa, é um pecado que tem causado inúmeras
tragédias para o povo judeu, e na verdade ao mundo, desde os primórdios da
história.
Alguns
exemplos disso são:
- O Midrash
nos diz que a cobra caluniou D'us a Eva quando a convenceu a comer da Árvore do
Conhecimento.
- Yossef
falou negativamente ao seu pai, Yaacov, sobre seus irmãos, fazendo com que eles
o odiassem. Isso levou à venda dele pelos irmãos, e terminou por causar o
exilio egípcio.
- A princípio
Moshê se perguntou por que os judeus mereceram sua difícil escravidão no Egito.
Quando ele soube que havia maldizentes entre eles, disse que então entendia por
que eles mereceram esse destino.
- A
maledicência de Doeg, o pastor chefe do Rei Saul e chefe do Sanhedrin, causou o
massacre de praticamente uma cidade inteira de cohanim. De fato, os exércitos
do Rei Saul perderam as batalhas contra os filisteus como resultado da calúnia
que o povo falou contra (o então futuro) Rei David. (Por outro lado, os
exércitos do famoso Rei Ahab foram bem-sucedidos em suas batalhas, apesar do
fato de serem idólatras, porque eles não tinham o pecado de lashon hará.
- Segundo o
Talmud, foi a calúnia feita por judeus contra judeus que na verdade levou à
destruição do Segundo Templo.
As leis de
lashon hará são muito longas para incluir em um artigo. Mesmo assim, publicamos
abaixo um breve resumo de algumas das leis, na maior parte extraídas de Chafetz
Chaim. Na verdade, Rabi Israel Meir Hakohen, mais conhecido como “Chafetz
Chaim”, ganhou este nome inspirado no versículo dos Salmos: “Aquele de vocês
que deseja vida (chafetz chaim)… guarde sua língua do mal…
1 – Lashon
hará literalmente significa “conversa má”. Isso significa que é proibido falar
negativamente sobre outra pessoa, mesmo se for verdadeiro.
2 – Também é
proibido repetir qualquer coisa sobre outra pessoa, mesmo que não seja
negativo. Isto é chamado rechilut.
3 – É
proibido também escutar lashon hará. A pessoa deve repreender quem fala ou, se
não for possível, deve afastar-se daquela situação.
4 – Mesmo se
alguém já tenha ouvido o lashon hará, é proibido acreditar. Pelo contrário, a
pessoa deve sempre julgar o próximo de maneira favorável.
5 – Apesar
disso, pode-se suspeitar que o lashon hará é verdadeiro, e tomar as precauções
necessárias para proteger-se.
6 – É
proibido até fazer um movimento que seja pejorativo na direção de alguém.
7 – Não se
pode sequer relatar um evento negativo sem usar nomes, se os ouvintes puderem
descobrir quem está sendo mencionado.
8 – Em
determinadas circunstâncias, como para proteger alguém de danos, é permissível
ou até obrigatório partilhar informação negativa. Como há muitos detalhes nesta
lei, deve-se consultar um rabino competente para aprender o que pode ser
partilhado em qualquer situação específica.
NOTAS
Talmud, Niddah 61 a. Veja Yirmiyahu, cap.
41, onde é contada a história de como Guedalia não acreditou em lashon hará, e
assim permitiu que seus adversários entrassem em seu palácio. Eles terminaram
por matá-lo, bem como a maior parte de seus homens.
Nas palavras do Rei Shelomô: “Um homem
inescrupuloso, um homem de violência, caminha com a boca tora; ele aperta os
olhos, balança os pés, aponta com os dedos."
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