Com
muita alegria registramos que no dia 18 de janeiro comemoramos o
aniversário de nascimento de nosso Venerado Mestre, Louis-Claude de
Saint-Martin.
Místico profundo, filósofo iluminado, praticante
daquilo que entendia como valores elevados, como a ética, honestidade,
amorosidade, desejava transformar o “velho homem” em um “novo homem”,
realizado e consciente de si.
Deixou
para a humanidade grandes obras que, em geral, têm o objetivo de
explicar as relações entre Deus, a Natureza e o Ser Humano. Inspirou a
criação da Tradicional Ordem Martinista, que perpetua pela Iniciação e
Conhecimento este precioso depósito, oferecendo na prática os meios de
promover a Reintegração Mística.
A
doutrina de Saint-Martin é clara e simples. Sua verdade pode ser
percebida facilmente por qualquer homem de boa vontade, pois este
místico francês primeiro adquiriu o conhecimento das leis divinas e
então moldou sua doutrina de acordo com elas. A obra de sua vida
imortalizou seu nome não apenas em seu próprio país como também ao redor
do mundo, pois o resquício de luz que se inicia na própria fonte
universal da luz brilha inelutavelmente para toda a humanidade.
Os ensinamentos de Saint-Martin são, sem exceção, aplicáveis
a toda a Humanidade. Considerava a fraternidade (e não a igualdade) a base de
toda a vida social e propugnava a união de todos os seres humanos em nome do
amor. Justiça e caridade, força e fraqueza, só podem encontrar seu ponto de
equilíbrio pela e na fraternidade. Assim, a Tradicional Ordem Martinista - que
é uma das Fraternidades Martinistas que preserva os ensinamentos de
Louis-Claude de Saint-Martin - propugna que a felicidade dos homens é
dependente e proporcional à felicidade de cada um de seus membros e na união de
todos pela fraternidade, que propicia uma verdadeira igualdade pelo equilíbrio
estável de direitos e de deveres. A resultante desses dois lados do triângulo
conduz ao terceiro - a liberdade - que determina a segurança e a preservação de
todos. Mas, nada poderá acontecer efetivamente sem Humildade e Caridade.
Os martinistas entendem que para progredir na Senda da
Reintegração não é a cabeça que é preciso empenhar e sim o Coração. É no
Coração - o templo sagrado e alquímico de transmutação do homem antigo no homem
perpétuo - que serão encontradas as Sete Fontes Sacramentais, as Sete Colunas,
que harmonizarão e fertilizarão todas as regiões do ser do homem. Dessa
Alquimia Transcendental e perene manifestar-se-ão, para sempre, a Sabedoria, a
Força e a Magnificência.
Segundo Saint-Martin na obra O Novo Homem, essas
possibilidades estão à disposição do ser humano, porque nunca dele lhe foram
subtraídas, e tais maravilhas encontram-se perpetuamente no seu Coração, eis
que aí têm existido desde a origem.
No discipulado, o martinista utiliza dois livros simbólicos
(díade martinista): o Livro da Natureza - imenso repositório de conhecimentos -
e o Livro do Homem - a ser lido por introspecção, pelo retorno ao centro do
ser, pelo retorno ao Coração. Aí é o lugar para e de contemplação interior, de
transmutação divina, e que se constitui na via Esotérica, Alquímica e Secreta
de e para todos os seres, martinistas ou não. Nesse processo, o homem velho
acaba por ceder lugar ao Homem Novo. Essa regeneração foi definida por
Saint-Martin como uma imitação interior do Cristo; e, tendo se tornado
Homem-Espírito, poderá cumprir seu ministério: ser o intermediário ativo entre
o Absoluto e o Universo. Este é o significado oculto da sentença: Lázaro,
levanta-te. Todo Martinista (e todo místico sincero) é potencialmente um
Lázaro. Um dia o homem se levantará e não haverá mais em cima ou embaixo,
exterior ou interior, dentro ou fora. A comunicação será permanente e
consciente, e o homem terá alquimicamente se transmutado no templo de seu Deus
interior. A Jerusalém Celestial terá sido restabelecida, pois o homem foi,
então, batizado pelo Fogo Sagrado do Santo Espírito. I-NRI. I-Na-Ra.
I-Na-Ra-Ya. YN-RI. A Doutrina Martinista veio (re)anunciar, portanto, a Era do
Cristo Cósmico, que já começa a se revelar na alma de todos os seres, que,
ainda que vacilantemente, estão começando a perceber que a insistência em
chafurdar em valores transitórios, subalternos e ilusórios só pode conduzir a
sofrimentos e a desastres, qualquer que seja a dimensão dessas transigências,
qualquer que seja a dimensão de cada tentativa. Ambas (e todas) serão sempre frustras
e, muitas vezes, dolorosas..
A única Iniciação... é aquela pela qual podemos penetrar o
Coração de Deus e induzir este Coração divino a penetrar o nosso.
Sobre a Verdade, Saint-Martin deixou escrito: A opressiva
desventura do homem não é ignorar a existência da verdade, mas interpretar
erroneamente sua natureza.
O Martinismo é, portanto e minimamente, como admite um
espiritualista contemporâneo, o caminho do equilíbrio entre a ciência e a
religião. É, assim, um método desenvolvido e destinado a facilitar a
compreensão da existência da harmonia entre todas as coisas e o empenho da
prática cristã do Amor Universal.
Alquimia Interior – cujos instrumentos são a devoção, a
dedicação e o estudo – que é proporcionada ao operador, ao Buscador, ou, ainda,
ao estudante para poder servir altruisticamente. O Martinismo, primordialmente,
como já foi dito, tenta conciliar a Ciência com a Religião, e isto é
Conhecimento que suplanta a Fé cega, que, no inexistente tempo, também será
transmutado em Santa Sabedoria –› ShOPhIa.
Como todo Martinista sabe (qualquer que seja a Ordem
Martinista a que pertença), não se julga um Irmão pela riqueza ou pela pobreza
do berço que o embalou, e sim pela fraternidade que une os seres que possuem
gravados em seus íntimos a mesma Iniciação e a mesma paternidade espiritual.
Este é o elo iniciático, místico, fraterno, histórico e tradicional que une
todos os Martinistas de todas as Fraternidades.
De qualquer forma, repito: Louis-Claude de Saint-Martin
renunciou à senda externa - em proveito
da SENDA INTERNA. O caminho era o interior. Saint-Martin desejava: entrar no
Coração da Divindade e fazer a Divindade entrar em seu Coração. Acreditava - e
eu também acredito - que, com o advento do Cristo Cósmico, o homem pode ter
acesso ao Reino Divino sem intermediários. Evocar ao invés de invocar. Dentro e
não fora. Interior e não exterior. A ascese interior é o caminho, e, nesse
sentido, é no Coração do homem que tudo deve acontecer. A este processo
Místico-Alquímico-Iniciático os Martinistas, particularmente os membros da TOM,
denominam, como já foi dito e deve ser repetido, de SENDA CARDÍACA.
Fonte: pax profundis.org