Dr. B. Gunawardena, F.R.C
No lado leste do meu quarto de dormir há um conjunto de
residências suntuosas. Elas dão prova da moderna e faustosa maneira de viver,
são habitadas por pessoas muito ricas.
Proporcionam determinado prazer material e têm a finalidade de
fortalecer um pretenso sentimento de bem-estar dos indivíduos.
Elas me fazem lembrar, todavia, que, nas mutantes cenas da
vida, a Natureza jamais vende qualquer coisa, nem cede definitivamente. Ela
apenas empresta ao Homem, temporariamente, aquilo que possui. Nada possuo no
universo – nem qualquer outro homem.
Analisemos esta ocorrência. Há pouco tempo, ali existia uma
fileira de casas simples. Meus vizinhos eram, então, um peixeiro, um curandeiro
e um empregado de lavanderia. Eram pessoas pobres, porém felizes.
Havia sempre felicidade e sorrisos em seus rostos. No
emaranhado de árvores ali existentes, esquilos, corvos, pegas, papagaios e
outros pássaros menores ruidosamente se engalfinhavam, conversavam e
cantavam. As crianças dos meus vizinhos
brincavam à sombra, cantando e dançando com a maior alegria.
Um belo dia, o capitalista que comprou as casas resolveu fazer algo que lhe proporcionasse maior lucro, mas, o quê? Assim que os antigos habitantes saíssem, derrubaria as casas e lotearia o terreno. Tão logo meus vizinhos se mudaram, as casas foram demolidas.
Um belo dia, o capitalista que comprou as casas resolveu fazer algo que lhe proporcionasse maior lucro, mas, o quê? Assim que os antigos habitantes saíssem, derrubaria as casas e lotearia o terreno. Tão logo meus vizinhos se mudaram, as casas foram demolidas.
As árvores foram arrancadas e vieram os tratores para
nivelar o terreno, levantando nuvens de pó. Não mais havia a presença de sons
agradáveis dos meus pobres, mas felizes vizinhos. As árvores desapareceram. Não
mais se via crianças para dançar e cantar à sombra agradável que antes
projetavam. Os pássaros e esquilos emigraram para outras partes, em busca de
matas, pois, nas residências novas e suntuosas, elas não existem.
Chego, agora, à janela do meu quarto, olho para o leste e
ali vejo um bloco de residências luxuosas. Elas também fazem parte das dádivas
da Natureza. Elas me fazem pensar, todavia, que são apenas temporárias. A Natureza
nunca vende o que quer que seja, definitivamente: o Homem jamais realmente
possuirá alguma coisa neste universo. Lembro-me disso e expresso gratidão.