por Pe. Ramon Ferreira
"Padre, meu bebê não parava de chorar, estava com quebrante!
Levei na benzedeira e foi tiro e queda..."
A criança pequena recebe todas as
energias da mãe. Se a mãe está nervosa, a criança ficará mais nervosa
e, se a mãe está calma, a criança se acalmará. Observe bem seus filhos.
Quando você está de bom humor, tudo anda melhor na sua casa.
Você estava nervosa, foi na
benzedeira, ela deixou você calma e, como era você que irritava a
criança, ela parou de chorar. A mesma coisa acontece com as simpatias.
Se você acredita e se acalma, tudo funciona... É a sua própria mente que age.
Pe. Ramon Ferreira
Monte Sião/MG
Com
a chegada do fim do ano, aumenta entre as pessoas a busca por simpatias
no intuito de começar bem o ano seguinte. Existem várias simpatias e
superstições que a mídia se encarrega de propagar: Chupar sete sementes
de romã guardando depois os caroços na carteira, comer lentilhas na
virada do ano, chupar uvas saltando só com um pé, pular sete ondas, se
vestir de branco, são algumas delas. Todas são inofensivas, mas
demonstram como o pensamento mágico impera entre nós.
Simpatia é a crença
em algo mágico. Ao fazer a simpatia o sujeito acredita que existe um
poder oculto que age sobre ele e que esse suposto poder pode ser
atraído caso faça a coisa certa, como chupar as sementes da romã, dar os
sete pulinhos nas ondas, se vestir de branco etc. De maneira geral, ele
acredita que há uma relação de causa e efeito entre o ato mágico da
simpatia que realiza e o bem que ele pretende obter como riqueza,
sorte, casamento, namoro ou curas de doenças.
Na
verdade, não existe essa relação de causa e efeito. O que ocorre é que a
mente humana cai facilmente numa armadilha chamada de efeito “propter hoc”. Esse nome deriva de uma frase em latim: “Post hoc ergo propter hoc” que em português significa: “Se algo acontece depois disso, então é devido a isso”. Parece
que existe uma relação de causa e efeito devido à proximidade temporal
entre os dois eventos, mas que na verdade, não tem conexão entre si.
Eis um exemplo de como isso funciona: Um
sujeito, no caminho para ir ao trabalho percebe que está com meias de
pares diferentes. Neste dia, por acaso, seu chefe lhe dá uma promoção. A
partir de então, sempre que precisa contar com a sorte, usa
propositadamente, meias de pares diferentes. Vemos, aqui, que um fato ocorrido ao acaso basta para se criar uma superstição.
Esse efeito “propter hoc”,
sem dúvida, é o responsável pela crença popular nos amuletos e patuás
que são objetos materiais como ferraduras ou partes de animais como pés
de coelho, aos quais são atribuídos poderes mágicos e sorte, há a ideia de que ferradura dá sorte, (não para o cavalo, é claro).
Felipão antes do Jogo Alemanha 7 x 1 Brasil |
Como
disse, acima, as simpatias são inofensivas se consideradas como
símbolos. Os povos do oriente têm sua cultura carregada desses símbolos.
Por exemplo, a celebração do início do ano japonês, é marcada pela
distribuição de bolinhos de arroz que são símbolos de fartura e
prosperidade. Já no ocidente, o mesmo não ocorre, pois as pessoas
praticam esses rituais de simpatia se submetendo a eles de forma mágica e
acreditando piamente nos seus poderes.
Esse comportamento
supersticioso afeta negativamente a relação do indivíduo com Deus, pois a
crença divina é substituída pela crença nos rituais mágicos o que,
certamente o conduz para um caminho errado de busca material ao invés
do caminho de salvação.
Todavia,
temos que entender que as superstições crescem, devido à situação do
povo que, cansado de esperar e confiar nos governantes perdeu a
esperança de ter uma vida melhor e procura cada vez mais pelas soluções
mágicas e imediatas que não dependa do seu esforço pessoal. Acreditam
que é só fazer a simpatia certa que tudo sairá bem. Não requer prática,
nem habilidade e que qualquer um consegue.
Só que as coisas não
funcionam assim. Precisamos, sim, ter fé na força de um Deus verdadeiro
que habita em nós, nos anima e nos impulsiona a caminhar sempre em
direção à vida, mas à vida plena, livres das falsas crenças e das
superstições.
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