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CÂMARA EXTERNA - ROSACRUZ

quinta-feira, 24 de maio de 2018

O CAMINHO DO MEIO


Há muitos anos havia no oriente um velho mestre que morava em um local de difícil acesso. Ele vivia em uma caverna que ficava atrás de um imenso lago de água extremamente salgada e de tonalidade bastante escura. A única forma de chegar até ele era atravessando o lago, pois atrás da caverna havia um profundo abismo.

Como a fama de sua sabedoria já havia corrido o mundo, inúmeros candidatos vinham até o velho mestre, pedindo que ele os aceitasse como discípulos. Embora o velho estivesse disposto a ensinar, sentia que para alcançar a sabedoria, seria necessário que o candidato provasse sua dignidade. A prova por ele estabelecida era a seguinte: o candidato deveria atravessar o lago, sem utilizar nenhum tipo de embarcação, trazendo nas mãos uma flor de acácia. Se a flor lhe fosse entregue sem murchar, o candidato seria aceito.

Durante anos, muitos tentaram sem obter sucesso, porque devido à alta salinidade do lago, os candidatos sempre acabavam por deixar que a flor perecesse. A maioria deles tentava ir bem próximo às margens, pois acreditavam ser esse o melhor caminho. Entretanto, tal trajeto só fazia aumentar o percurso, que por si só já era bastante longo.

Certo dia foi até ele um jovem chamado Ovídio, também disposto a vencer o desafio. Ovídio era um jovem inteligente e suas intenções eram sinceras e o mestre desejou, em seu coração, que o rapaz fosse mais feliz que os demais na execução da tarefa.

Ovídio já havia visto muitos de seus amigos tentarem a travessia sem sucesso, e sendo bom observador, percebeu que eles sempre tentavam nadar pela beirada próxima à margem. Decidiu então fazer um caminho diferente; resolveu seguir sua intuição e tentar o caminho do meio. Foi uma decisão bastante difícil, pois estando no meio de um lago tão extenso não seria possível retornar caso algo não corresse bem, mas sua decisão estava tomada, e ele não pretendia voltar atrás.

Pegou a mais bela flor de acácia que encontrou e dirigiu-se para o centro do lago. Nadou uns poucos metros e, então, percebeu que o lago parecia ser bem mais raso no centro. Arriscou ficar em pé e logo viu que podia fazê-lo com facilidade. A partir daí caminhou, tranquilamente, até a outra margem, onde o mestre já o aguardava, com um sorriso nos lábios.

Ao chegar, Ovídio entregou a flor intacta ao mestre, que a recebeu com alegria dizendo:

– Hoje você teve sua primeira lição. Na vida, assim como você percebeu ao atravessar o lago, o melhor caminho é sempre o Caminho do Meio. Em tudo o que fizermos na vida deve haver equilíbrio e moderação. Devemos ser moderados no comer, no beber, etc. É importante dar um passo de cada vez, sem pressa e sem pular etapas.

Ovídio passou muitos anos como discípulo e, mais tarde, tornou-se ele próprio um mestre, o que aconteceu naturalmente, sem pular etapas e seguindo sempre pelo Caminho do Meio.

Retirado da Sociedade das Ciências Antigas (SCA)



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